Número de habitantes
No princípio do século XX a freguesia de Amêndoa tinha 1.716 habitantes,
Entre 1900 e 1920 regista um crescimento populacional em todos os censos, crescimento este que foi interrompido em 1930. Em 1940 retomou aquela tendência, registando o maior aumento até aos dias de hoje.
Em 1950, continuou a aumentar de população, tendo atingido o seu valor mais elevado com 2.139 habitantes.
A partir da década de 1970/81 tem vindo a perder população de forma continuada, tendo atingido em 2011 o seu valor mais baixo - 515 habitantes.
Entre as 8 freguesias do concelho de Mação, Amêndoa ocupava em 2011 a 7ª posição, no que respeita ao número de habitantes
Variação do número de habitantes
Em termos quantitativos (número de habitantes) a freguesia da Amêndoa regista um crescimento populacional praticamente constante ao longo de toda a primeira metade do século XX (apenas temporáriamente interrompida no decénio de 1920 a 1930).
Entre 1930 e 1940, regista o maior crescimento verificado entre dois censos ao apresentar um acréscimo de .+278 habitantes.
A partir de 1950 começa no entanto a verificar-se uma tendência contrária, traduzida numa diminuição constante do número de habitantes, tendência esta que se mantém até aos dias de hoje.
Este fenómeno, que é apanágio de praticamente todo o interior do País, tem por detrás de si vários factores de que salientaremos:
* a crise económica causada pela 2ª Grande Guerra, que leva a uma primeira vaga migratória (1950/60) tendo como alvo principal o Brasil e as colónias africanas;
* a reconstrução dos países do centro da Europa que haviam sido devastados aquando da Grande Guerra (com especial incidência para a França) que vai atrair um elevado número de habitantes dos países do sul (1960/70),
* o desenvolvimento das cinturas industriais dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto (a CUF do Barreiro, a Lisnave em Almada, a Siderurgia Nacional no Seixal, por ex.) que se traduzem no chamado fenómeno da "litoralização" (deslocação das populações do interior para o litoral) e que hoje em dia se reflecte numa proporção de 20% e 80% do total da população portuguesa..
* a redução das taxas de natalidade que apresentam os primeiros sintomas na década de sessenta e se agravam a partir dos anos oitenta.
Para quem vivia em regiões praticamente isoladas do resto do país, dependentes apenas daquilo que a terra produzia (agricultura de subsistência), da criação de anmais ou de trabalhos sazonais, como por ex. a apanha da azeitona no Alentejo, a oportunidade de poder ter um ordenado fixo ao fim do mês era mais que justificativo para abandonar a terra mãe e procurar melhores condições de vida para si e para os seus.
Daí que não seja de admirar as quebras que se verificam na população da freguesia da Amêndoa:
-241 hb. (1950/60),
-478 hb (1960-70),
-252 (1970/81, quebra provavelmente minorada pelo regresso de residentes nas ex-colónias),
-322 (1981/91),
-188 (1991/2001) e
-143 (2001/11)
Num cômputo geral verificamos que entre 1900 e 1960 a freguesia de Amêndoa registou um crescimento de +182 habitantes.
Já no período que medeia entre 1960 e 2011 a quebra da sua população cifrou-se em -1.383 habitantes.
Fazendo um balanço global da evolução desta freguesia, verifica-se que ela tinha em 2011 menos 1.201 habitantes do que em 1900
A freguesia face ao total do concelho
Em 1900 a freguesia de Amêndoa representava 11.1% do total da população do concelho de Mação, situando-se na 5ª posição entre as 7 freguesias do concelho.
No entanto, a quebra populacional verificada na freguesia a partir 1960 leva a que em 2011 registe o seu valor mais baixo, 7.0%. (7ª posição, ex-aequo com a freguesia de Aboboreira).
Estrutura etária em 2001 e 2011 (habitantes)
Ainda que a comparação dos resultados dos censos de 2011 e 2011 não permita retirar conclusões definitivas quanto às tendências demográficas desta freguesia, dado o curto período de tempo que medeia entre eles, não deixa, no entanto, de se revestir de interesse para a análise das alterações registadas na sua estrutura etária.
Vejamos então como é que se distribuía a população da freguesia de Amêndoa em 2001 e 2011, quanto ao número de habitantes por grupo etário:
i) dos 0 aos 14 anos: 59 / 21 (7ª / 8ª posição entre as 8 freguesias do concelho)
ii) dos 15 aos 24 anos: 54 / 38 (8ª / 8ª)
iii) dos 25 aos 64 anos: 280/ 233 (8ª / 7ª)
iv) com 65 e + anos: 265 / 223 (6ª / 7ª)
v) total 658 / 515 (6ª / 7ª)
Estrutura etária em 2001 e 2011 (percentual)
Tendo em consideração o número total de habitantes, os diferentes grupos etários distribuíam-se da seguinte forma;
i) dos 0 aos 14 anos: 9.0% / 4.1% (6ª / 8ª posição entre as 8 freguesias do concelho)
ii) dos 15 aos 24 anos: 8.2% / 7.4% (6ª / 6ª)
iii) dos 25 aos 64 anos: 42.6% / 45.2% (4ª / 2ª)
iv) com 65 e + anos: 40.3% / 43.3% (4ª / 3ª)
Dito de outra forma, a freguesia de Amêndoa tinha no ano de 2011, por cada 100 habitantes, 4 crianças entre os 0 e os 14 anos, 7 jovens entre os 15 e os 24 anos, 45 adultos entre os 25 e os 64 anos e 43 idosos com 65 e mais anos.
De recordar que, ao nível do País a média era de 15 crianças, 11 jovens, 55 adultos e 19 idosos por cada 100 habitantes.
Variação da estrutura etária em 2001 e 2011
Entre 2001 e 2011 a freguesia de Amêndoa perdeu habitantes nos 4 grupos etários:
i) dos 0 aos 14 anos: -38
ii) dos 15 aos 24 anos: - 16
iii) dos 25 aos 64 anos: -47
iv) com 65 e + anos: -42
Taxas de crescimento da estrutura etária em 2001 e 2011
Para além de quantificar as variações pelo número de habitantes, torna-se muito mais esclarecedor determinar essas alterações através das percentagens relativas ao total da população, já que traduzem melhor o “peso” que elas representam numa determinada colectividade.
De facto, e se atentarmos ao caso da freguesia de Amêndoa, verifica-se que, em relação a 2001, o número de habitantes recenseados em 2011 era:
i) dos 0 aos 14 anos: - 64% (freguesia com a taxa negativa mais elevada)
ii) dos 15 aos 24 anos: - 30% (freguesia com a 5ª taxa negativa mais elevada)
iii) dos 25 aos 64 anos: - 17% (freguesia com a 5ª taxa negativa mais elevada)
iv) com 65 e + anos: -16% (freguesia com a 2ª taxa negativa mais elevada)
Proporção face ao total do concelho
As alterações registadas no número de habitantes da freguesia de Amêndoa entre 2001 e 2011 vão ter reflexos no “peso” que ela representa para o total da população do concelho de Mação.
i) dos 0 aos 14 anos: - de 6.8% para 3.2% (passa da 7ª para a 8ª posição)
ii) dos 15 aos 24 anos: - de 6.6% para 6.5 % (8ª / 8ª)
iii) dos 25 aos 64 anos: - de 7.9% para 7.3% (8ª / 7ª)
iv) com 65 e + anos: - de 8.3% para 7.7% (6ª / 7ª)
Índices populacionais
As relações que se estabelecem entre a designada população potencialmente activa (entre os 15 e os 64 anos) e a população potencialmente dependente (dos 0 aos 24 anos) permite-nos comparar, em termos estatísticos, a realidade de várias regiões entre si.
Tendo em conta as designações anteriormente referidas para os diversos indicadores populacionais, comparemos então os resultados obtidos no censo de 2011 na freguesia de Amêndoa, no concelho de Mação e no País:
i) índice de dependência de jovens -7.7
(Número de crianças entre os 0 e os 14 anos por cada 100 habitantes entre os 15 e os 64 anos)
Em 2011, por cada 100 habitantes entre os 15 e os 64 anos a freguesia de Amêndoa tinha uma média de 7.7 crianças entre os 0 e os 14 anos. No concelho de Mação essa média era de 17.6 e no País de 22.5.
A freguesia de Amêndoa apresentava o índice de dependência de jovens mais baixo entre todas as freguesias do concelho de Mação.
ii) índice de dependência de idosos - 82.3
(Número de idosos com 65 e + anos por cada 100 habitantes entre os 15 e os 64 anos)
Em 2011, por cada 100 habitantes entre os 15 e os 64 anos a freguesia de Amêndoa tinha uma média de 82.3 idosos com65 e + anos. No concelho de Mação essa média era de 76.0 e no País de 28.8.
A freguesia de Amêndoa apresentava o 4º índice de dependência de idosos mais elevado, entre todas as freguesias do concelho de Mação.
iii) índice de envelhecimento - 1.061,9
(Número de idosos com 65 e + anos por cada 100 crianças entre os 0 e os 14 anos)
Em 2011, o índice de envelhecimento registado na freguesia de Amêndoa era de 1061.9, bastante superior ao verificado no concelho de Mação (432.6) e no País (127.8).
Dito por outras palavras, isto significa que em 2011, por cada criança entre os 0 e os 14 anos de idade, a freguesia de Amêndoa tinha uma média de 10.6 de idosos com 65 e + anos. No concelho de Mação essa média era de 4.3 e no País de 1.3.
A freguesia de Amêndoa apresentava, neste ano, o índice de envelhecimento mais elevado, entre todas as freguesias do concelho de Mação.
iv) índice de sustentabilidade potencial - 1.2
(Número de habitantes entre os 15 e os 64 anos por cada idoso com 65 e + anos)
Em 2011, o índice de sustentabilidade potencial registado na freguesia de Amêndoa era de 1.2, ligeiramente inferior ao do concelho de Mação (1.3) e bastante mais afastado do verificado no País (3.5).
Dito por outras palavras, isto significa que em 2011, por cada indivíduo potencialmente dependente ou inactivo com mais de 65 anos (“reformado”) havia na freguesia de Amêndoa uma média de 1.2 indivíduos potencialmente activos, com idades entre os 15 e os 64 anos (“contribuinte”).
A freguesia de Amêndoa apresentava, neste ano, juntamente com mais 3 freguesias, o 3º índice de sustentabilidade mais elevado no concelho de Mação.
Lugares da freguesia
Embora os dados populacionais relativos aos lugares que constituem a freguesia de Amêndoa se limitem aos censos de 1911, 1940, 1970 e 2011, eles ajudam-nos a compreender melhor a evolução da população desta freguesia.
Em 2011 o lugar com maior número de habitantes era Chão de Lopes Grande (139 hb.), seguido de Amêndoa (134) e Aldeia de Eiras Cimeiras (57).
Havia na altura 8 lugares com menos de 10 habitantes: Granja (3), Gargantada (3), Palheirnhos (4), Fonte de Amêndoa, Cabo, Juntos e Martinzes (6) e Robalo (7).
Não aparecem no censo de 2011 alguns lugares que constavam de censos anteriores: Aldeia de Eiras Fundeiras (66 hb.), Chão de Bica (45 hb.), Hortinha (45 hb.) e Revelha (30 hb.).
Por outro lado, aparece o lugar de Chão de Codes (12 hb.), que não é referido em censos anteriores.
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Uma forma de traduzirmos o alto índice de desertificação populacional de alguns lugares desta freguesia é compararmos o número de habitantes recenseados em 2011 com o valor mais elevado registado ao longo do século XX.
Em todos eles as quebras são significativas:
Aldeia de Eiras Cimeiras (-80%); Amêndoa (-45%); Cabo (-85%); Chão de Lopes Grande (-43%); Chão de Lopes Pequeno (-78%); Cimo do Vale (-45%); Fonte de Amêndoa (-89%); Gargantada (-94%); Granja (-95%); Juntos (-83%); Martinzes (-87%); Monte Fundeiro (-86%); Palheirinhos (-87%); Pé da Serra (-83%); Pêro Gonçalves (-92%); Robalo (-88%); Vale de Vacas (-79%); Vinha Velha (-90%).
HISTÓRIA ADMINISTRATIVA
Concelho: Mação
Freguesia: Amêndoa
Orago: Nossa Senhora da Conceição
Lugares: Aldeia d'Eiras, Cabo, Chão da Bica, Chão de Lopes Grande, Chão de Lopes Pequeno, Cimo do Vale, Cortinha, Fonte de Amêndoa, Gargantada, Granja, Hortinha, Juntos, Martinzes, Meio do Vale, Monte Fundeiro, Palheirinhos, Pé da Serra, Pero Gonçalves, Revelha, Robalo, Santos, Vale de Vacas e Vinha Velha.
A freguesia de Amêndoa era vigararia da apresentação do padroado real e comenda da Ordem de Cristo.
Até 1174, Amêndoa pertenceu aos Templários (doação feita por D. Afonso Henriques).
Em 1231 era Comenda da Ordem de Malta.
Em 1336 tinha jurisdição própria (juízes e almotacés) o que lhe permitia obter rendas e direitos reais.
No ano de 1372 D. Fernando I doou as jurisidições da vila de Amêndoa a Afonso Fernandes de Lacerda vindo assim a tornar-se alcaidaria dos Marqueses de Fontes e mais tarde dos de Abrantes.
Em 1514, com D. Manuel I, Amêndoa tornou-se Comenda da Ordem de Cristo.
Em termos administrativos foi concelho durante 600 anos, incluída na antiga comarca de Tomar e constituída por uma só freguesia: Nossa Senhora da Conceição.
Em 1836 passou para a categoria de freguesia integrada no concelho de Vila de Rei. Através do decreto de 6 de julho de 1888 passou para o atual concelho: Mação.
Atualmente pertence à diocese de Portalegre-Castelo Branco, arciprestado de Abrantes.
In "Arquivo Distrital de Santarém"
HISTÓRIA CUSTODIAL E ARQUIVÍSTICA
Em geral, os originais estiveram na posse da igreja paroquial até 1859.
O decreto de 19 de agosto do dito ano ordenou que os livros e documentos de registo paroquial fossem arquivados nas Câmaras Eclesiásticas, ficando os duplicados guardados nas paróquias.
O decreto de 18 de fevereiro de 1911 (DG n.º 41, de 20 de fevereiro de 1911) que instituiu o Registo Civil obrigatório, ordenou que os livros de registo paroquial existentes nas Câmaras Eclesiásticas, bem como os originais e duplicados, conservados pelos párocos, à medida que cessassem funções nas respectivas paróquias, fossem transferidos para as competentes Conservatórias do Registo Civil.
Em 1916 (decreto n.º 2225, de 18 de fevereiro), com o fim de recolher os registos paroquiais, nos termos do decreto n.º 1630, de 9 de junho de 1915, é criado o Arquivo dos Registos Paroquiais, Registo Civil, anexo ao Arquivo Nacional, que pelo decreto de 18 de maio de 1918, era também arquivo dos distritos de Lisboa e Santarém.
Com sede no extinto paço episcopal de São Vicente de Fora é transferido, em 1953, para um rés-do-chão na Rua dos Prazeres, e em 1972 para o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, no Palácio de São Bento, onde permaneceu até 1990, data da transferência e inauguração do edifício próprio no Campo Grande.
O Arquivo Distrital de Santarém, criado pelo decreto n.º 46.350, de 22 de maio de 1965, inicia funções em 1974. Permanecem na posse do Arquivo Distrital de Lisboa (Torre do Tombo) originais até meados do séc. XIX.
In "Arquivo Distrital de Santarém"
DESCRIÇÃO DA FREGUESIA DE AMÊNDOA EM 1747
Vila na província da Estremadura, Bispado da Guarda, Comarca de Tomar. Tem cento e quarenta vizinhos (= homens livres, maiores de idade, que habitavam a área concelhia há um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram proprietários)
Dista de Abrantes quatro léguas ao Nordeste.
Está fundada em alto, mas entre serras mais eminentes que lhe tomam a vista.
Tem Termo seu que compreende estes lugares: Eiras, Cabo, Martinzes e vários Casais e em todos estes montes haverá cinquenta e sete vizinhos, que quase todos pertencem à Freguesia da Vila, e outros à Vila de Cardigos e Vila de Rei.
Tem Igreja Paroquial, Comenda da Ordem de Cristo dentro da povoação, de uma só nave, e três Altares, o maior onde está a Imagem da Senhora da Conceição, Orago da Igreja, e o Santíssimo Sacramento, o de Nossa Senhora das Neves, e o de S. Sebastião.
Tem três Irmandades, a do Senhor, a da Senhora das Neves, e a das Almas.
O Pároco é Vigário, que apresenta Sua Magestade, e tem 40$000 réis de côngrua, e um Tesoureiro, que tem vinte alqueires de trigo, e dez almudes de vinho, tudo pago pela Comenda.
Há nesta freguesia uma Ermida do Espírito Santo, dentro da Vila, e fora em despovoado uma dedicada a Santo António, e Santo Antão, e outra a Santa Maria Madalena, pouco frequentadas de romagem.
Governam esta Vila dois Juizes ordinários, e tem Oficiais da Câmara; e pelo que toca ao Militar uma Companhia da Ordenança.
Produz este terreno trigo, centeio, castanha, vinho e azeite; porém tudo em pouca quantidade. As cerejas é que aqui se dão em grande abundância; como também caça, especialmente perdizes.
É alcaide-mor desta Vila o Marquês de Abrantes.
In “Dicionário Geográfico”, de Padre Luis Cardoso (1747)
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DESCRIÇÃO DA FREGUESIA DE AMÊNDOA EM 1853
Vila, Beira Baixa, comarca da Sertã, concelho de Vila de Rei, 130 quilómetros da Guarda, 160 a E. de Lisboa, 296 fogos, 1.200 almas.
Orago Nossa Senhora da Conceição.
Bispado e distrito administrativo de Castelo Branco.
Situada em alto. A igreja era da comenda de Cristo.
Eram seus alcaides-mores os marqueses de Fontes, e depois os de Abrantes.
Produz poucos cereais, alguma fruta e imensa quantidade de cerejas. Tem muita caça nos seus montados.
Foi do padroado real.
É povoação antiquíssima. Os romanos lhe chamavam Amindula. No testamento de D. Flâmula (Dona Chama), feito em 960 se fala no castélo de Amindula. Dele já não há vestígios; parece que era obra dos romanos.
In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal, Vol 1, pág. 198